Muitos desses corantes podem apresentar efeitos cancerígenos e mutagênicos quando no meio ambiente, na sua forma natural ou parcialmente degradada, diz pesquisador.
Pesquisadores do Núcleo de Pesquisa e Extensão de Combustíveis e
Materiais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram
experimento para retirar substâncias poluentes e cancerígenas de
corantes utilizados na confecção de materiais da indústria têxtil, como
roupas, tecidos e tapetes.
Segundo o artigo intitulado “Proibing the site-selective doping in
SrSnO3” e elaborado pelos pesquisadores da UFPB André Luiz Menezes, Laís
Chantelle, Iêda Santos, Thiago Duarte e Anderson Albuquerque, foi
possível degradar o corante remazol amarelo antes de ser descartado no
meio ambiente.
“Muitos desses corantes podem apresentar efeitos cancerígenos e
mutagênicos quando no meio ambiente, na sua forma natural ou
parcialmente degradada. Dessa forma, é necessária a utilização de
mecanismos para a retirada desses elementos prejudiciais”, explica André
Luiz Menezes.
De acordo com o pesquisador da UFPB, no experimento, foi utilizado um
semicondutor para acelerar o processo de degradação do corante remazol
amarelo e de outros poluentes, como os corantes azul de metileno, roda
mina, remazol vermelho e alizarina. Todos utilizados em materiais do
cotidiano – roupas, remédios, detergentes e shampoos, por exemplo.
“Um processo bastante comum para retirar essas substâncias do meio
ambiente é a adsorção. Pela simplicidade de operação, por ser
economicamente viável em proporções industriais, permitindo a utilização
de materiais de baixo custo e alta capacidade de remoção de solutos”,
destaca Menezes.
O estudo foi estruturado ainda para entender “como 1% de dopagem com
Európio em um local específico no SrSnO3 pode modificar as propriedades
estruturais e eletrônicas e modular as propriedades luminescentes e
fotocatalíticas desses óxidos. Assim, segundo o pesquisador da UFPB, é
possível utilizar o mesmo procedimento de síntese química para obter
outros compostos e melhorar as propriedades para aplicações
tecnológicas.
Menezes acentua que os resíduos de indústrias têxteis devem ser
devidamente tratados antes de descartados e o corante remazol amarelo é
comumente encontrado em águas residuais na Paraíba. “É um corante
prejudicial, porque pode danificar a vida aquática. Também a vida
vegetativa se a água contaminada for usada para irrigação”, argumenta o
pesquisador.
O experimento contou com pesquisadores das Universidade de Sydney
(Austrália), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de
Torino (Itália), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e foi publicado na revista Inorganic Chemistry, da Sociedade
Americana de Química. O trabalho será capa suplementar da próxima edição
da publicação.
O grupo de pesquisa do laboratório da UFPB tem ainda a parceria de
instituições como a Universidade Rennes 1 na França, o Instituto
Nacional de Física da Romênia e as Universidades de Edimburgo e Aberdeen
na Escócia. “Realizamos remoção de poluentes orgânicos em águas
utilizando diferentes processos. A fotocatálise, por exemplo, atua em um
material semicondutor presente na solução poluente e irradiado com uma
luz ultravioleta”, enfatiza André.
Fonte: Redação do Vale do Piancó Notícias com G1