O juiz Luiz Gonzaga Pereira de Melo Filho, da comarca de Coremas, inocentou Antônia
Uma acusação falsa de envolvimento na
morte do próprio sogro levou a dona de casa Antônia Osmarina Santos
Silva, de 37 anos, a ficar seis meses recolhida ao presídio feminino de
Patos. Mãe de três filhos pequenos, índia, como popularmente é
conhecida, sofreu não apenas com a prisão, mas com as consequências
advindas do encarceramento: a humilhação, a execração pública e a
separação abrupta dos filhos, que ficaram nas mãos de pessoas com as
quais nunca tiveram convivência, os pais do companheiro dela, o
verdadeiro e único autor do crime e que está preso.
A briga, que precedeu o crime, ocorreu
na noite de 29 de junho de 2017, no interior da residência do casal, que
ficava no Alto da Boa Vista, em Coremas. Francisco Julião de Farias
Neto, conhecido como Cara de Gato, então com 21 anos, desentendeu-se com
o próprio pai, Carlos Alberto Barbosa, durante uma bebedeira, e, depois
de tirá-lo para fora de sua casa, matou-o a pedradas.
Ele foi preso em flagrante e acusou sua
companheira, Antônio Osmarina, de envolvimento no crime. Meses depois, a
mulher foi presa. “Foram seis meses de sofrimento, longe dos meus
filhos, que sofreram muito nas mãos dos outros, e também o que mais me
doeu é que a família dele passou a me acusar pelo crime e ele também, e
fui até agredida por eles depois da morte, mas nem o crime eu vi, porque
na hora da briga, uma filha pequena minha se acordou e começou a
chorar, então eu corri para acalmar a menina, e aí foi, nesse momento,
que a briga continuou fora de casa e houve a morte”, narra a mulher, que
hoje reside com os filhos em Itaporanga, depois de conquistar a
liberdade em abril deste ano. No entanto, continuou respondendo ao
processo e temia voltar para a cadeia, mas, em agosto deste ano,
finalmente recebeu uma boa notícia da Justiça: em despacho de agosto
passado, o juiz Luiz Gonzaga Pereira de Melo Filho, da comarca de
Coremas, inocentou Antônia, ou seja, convenceu-se de que ela não teve
participação no homicídio, enquanto seu ex-companheiro está preso e vai a
júri popular.
Mas índia ainda sofre as consequências
da prisão: depois de voltar à liberdade, viu que não tinha mais nada
além dos três filhos. “A dona da casa que eu morava jogou todos os meus
troços fora enquanto eu estava presa e hoje vivo quase sem nada na
casinha que aluguei, e aqui, na cidade, não tenho família, pois sou
natural do Pará, e passo muitas dificuldades, mas estou lutando para dar
uma condição de vida melhor aos meus filhos e isso é que o que
interessa”, comentou.