Autor: Redação do Portal
Um aplicativo criado pela estudante do curso superior de Design
Gráfico do IFPB no Campus Cabedelo está disputando o prêmio BRICS Young
Innovator Prize 2018. O projeto Nina, criado por Simony César, rastreia
casos de assédio em transporte público. A iniciativa foi a única
brasileira indicada pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) para
participar da premiação.
Além da estudante do Instituto Federal da Paraíba, estão concorrendo
cientistas da Rússia, Índia, China e África do Sul, todos com menos de
30 anos. A disputa faz parte do 3º Fórum BRICS de Jovens Cientistas que
começou nessa segunda-feira, 25 de junho, em Durban, na África do Sul, e
vai até 29 de junho. Simony já está participando da programação do
BRICS Scientist Forum. A premiação é de 25 mil dólares para o primeiro
lugar, 15 mil no segundo e 10 mil no terceiro.
A aluna do IFPB também comemora que ganhou recentemente o edital
InoveMob da Toyota Mobility Foundation e WRI Brasil. O intuito é
financiar e acompanhar o desenvolvimento do projeto com o objetivo de
solucionar questões relacionadas à mobilidade urbana em Recife, Natal e
Fortaleza. Para isso, Simony César contou com o apoio institucional dos
governos locais para inserir o Nina como botão dentro de aplicativos de
transportes públicos.
“Pude contratar pessoas para trabalhar no Nina, que oficialmente
agora é uma empresa, uma startup, aumentamos a escala de atuação da
tecnologia possível também com esse financiamento da Toyota via equity
free”, conta Simony que saiu de Recife para estudar no IFPB. Na segunda
quinzena de agosto, o sistema já deve estar em funcionamento nas três
capitais.
Simony César foi uma das 15 selecionadas na última edição da Red Bull
Amaphiko, programa de inovação social da Red Bull, que apoia e oferece
mentoria, formações e conexões a projetos de empreendedores sociais que
estão mudando a realidade em seu entorno. O programa existe desde 2014 e
está presente no Brasil, na África do Sul e nos Estados Unidos.
O aplicativo
O aplicativo Nina veio como uma resposta a experiências negativas
vividas com o transporte público. A mãe foi cobradora de ônibus e ela
teve um vizinho cobrador de coletivo que durante um assalto no veículo
levou um tiro e ficou paraplégico. “Na minha família, muita gente
trabalha em transporte público, tenho tio motorista de ônibus, prima
maquinista e o tema mobilidade sempre foi presente. Meu primeiro estágio
foi também em uma empresa de ônibus, eu sabia de todas as denúncias e
me sentia impotente, mas precisava fazer alguma coisa”, relatou Simony.
O Nina é mais voltado à denúncia de assédio, quando uma mulher se
sente invadida, ameaçada ou constrangida. 52 milhões de brasileiras
foram assediadas em transportes públicos em 2016, mas apenas 10% dos
casos chegaram ao conhecimento da polícia, de acordo com os dados
divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O sistema Nina pode ser inserido como botão dentro de qualquer
aplicativo de mobilidade. Ele consegue auxiliar a vítima de forma
emergencial, pois ativa usuários próximos. Pode ser usado também de modo
preventivo, por meio da análise estatística de informações e
identificação de linhas e pontos críticos para a mobilidade da mulher na
cidade.
De acordo com o Instituto YouGov, 86% é a média brasileira de assédio
sofrido por mulheres em espaços públicos. Quando questionadas sobre em
que lugar mais sentem medo, 68% das mulheres não hesitaram ao dizer que
temem andar no transporte público por conta da ameaça constante e 69%
delas afirmaram ter como maior medo sair ou chegar em casa depois do
escurecer. Está a mobilidade presente nos dois principais pontos de
perigo expostos.
Fonte: Portal Correio