Autor: Redação do Portal
As mãos calejadas, a pele enrugada e o corpo encurvado são marcas de
vários anos dedicados ao trabalho árduo com a enxada. Aos 105 anos, o
agricultor Joaquim Aparecido, ainda lúcido, não abdicou do trabalho no
campo e segue firme no ofício para o qual dedicou a maior parte da sua
vida. Mesmo depois de se aposentar, ele não conseguiu largar de vez o
trabalho na roça e esbanja felicidade ao ver que as chuvas registradas
no Sertão da Paraíba nos últimos meses estão fazendo com que ele colha o
que plantou.
Ele, que é analfabeto, mora no distrito de São Gonçalo, município de
Sousa, e conta que desde rapaz começou a se dedicar ao trabalho no
campo, de onde adquiriu boa parte de sua sabedoria. Com o passar do
tempo, Joaquim Aparecido conseguiu um trabalho como auxiliar de serviços
gerais no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs),
chegando, inclusive, a participar da construção de açudes da região. Mas
sempre que tinha um tempo livre, era para o roçado que ele ia, afinal,
plantar e colher sempre foi um dos maiores prazeres da vida dele.
Apesar de ter se aposentado, seu Joaquim Aparecido continua com muita
vitalidade e mantém o hábito de acordar cedinho para alimentar as
galinhas e os cachorros que ele cria, diariamente. Quando sente vontade,
ele vai para o roçado e de lá sai realizado. O agricultor conta que foi
agraciado pelas chuvas, o que tem deixado-o cada vez mais animado com a
plantação. Este ano, seu Joaquim plantou feijão e, realizado, já está
colhendo o que plantou.
O agricultor tem duas filhas, cinco netos e seis bisnetos.
Atualmente, ele mora com uma das filhas, que cuida dele, um genro e um
bisneto. Segundo os seus familiares, ele desfruta de uma boa saúde, o
que tem de vez em quando é uma gripe ou alguma doença simples, que não
tiram dele a vontade de viver. Nas rodas de conversa em família, ele é
um dos mais conversadores e a roça é o assunto de sua preferência, já
que alguns dos seus parentes são agricultores também.
É o caso da filha que mora com ele, a agricultora Dalva da Silva, de
59 anos. Ela conta que, ao primeiro sinal de chuva, a alegria já tomou
conta do semblante do pai dela. “Ele pegou a enxada, veio plantar e hoje
está colhendo”, comentou. Seu Joaquim e Dalva, que é filha adotiva
dele, dividem a rotina de cuidados com a plantação e também cuidam um do
outro, renovados pela esperança trazida pela chuva caída no Sertão.