A primeira entrada da paciente no hospital de Piancó
foi na manhã da sexta-feira, 24, depois de passar mal e ser socorrida
pelo Samu.
Autor: Redação do Portal
Se os apelos insistentes da família, que pedia a remoção da paciente
Maria das Neves de Sousa, de 67 anos, para outro centro hospitalar mais
desenvolvido, tivessem sido atendidos pelo hospital de Piancó, a idosa
poderia estar viva, conforme seus familiares, que chegaram a conseguir,
na manhã do último sábado, 25, uma vaga na UTI (Unidade de Terapia
Intensiva) do hospital de Patos, mas a médica plantonista não autorizou a
transferência, alegando que a paciente se encontrava estável e não
havia necessidade de remoção.
Somente no final da tarde do sábado, depois do agravamento do quadro
clínico da idosa, que foi diagnosticada com AVC (Acidente Vascular
Cerebral), é que o hospital de Piancó autorizou a remoção, que chegou a
ser feita, mas já era tarde demais. “Quando minha irmã deu entrada no
hospital de Patos, o neurologista avaliou que ela já se encontrava com
morte cerebral e não havia mais o que fazer, sendo o jeito retornar para
o hospital de Piancó e aguardar a confirmação da morte”, disse
revoltado o advogado Acilon Soares de Sousa à reportagem da Folha, ao
acusar o hospital piancoense de negligência.
Ele registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia de Piancó e
também pretende procurar o Ministério Público e o Conselho Regional de
Medicina (CRM) para que o caso seja apurado. “Sei que minha irmã não
volta mais, mas quero que tudo isso seja apurado e os responsáveis
punidos para que outras mortes não ocorram por causa de negligência
nesse hospital”, disse. O óbito de Maria das Neves, que era solteira e
residia com uma irmã e dois sobrinhos na Rua Pedro Inácio Liberalino,
foi confirmado nesta quarta-feira, 1º.
A primeira entrada da paciente no hospital de Piancó foi na manhã da
sexta-feira, 24, depois de passar mal e ser socorrida pelo Samu. Ao
chegar ao hospital piancoense, ela foi entubada e encaminhada ao
regional de Patos para realização de uma tomografia. Segundo os
familiares, o exame não constou derrame e ela retornou ao hospital de
Piancó e foi levada para a UTI, onde recebeu um diagnóstico clínico de
AVC, mas, com o passar das horas, piorou o seu quadro e terminou
perdendo as funções cerebrais um dia depois de retornar ao hospital,
apesar dos apelos da família para sua remoção.
Conforme ainda o irmão da vítima, é lamentável que as autoridades
judiciárias e de saúde pública permitam o funcionamento de uma UTI no
hospital de Piancó sem as mínimas condições de atendimento: faltam
equipamentos para exames e médicos especialistas. Esse atendimento
precário tem motivado muitos óbitos desde a inauguração da unidade na
véspera da eleição de 2014.
“E o pior é que, mesmo essa UTI não funcionando, eles não querem
autorizar a remoção dos pacientes, como no carro de minha irmã, pois só
depois dela praticamente morta é que foi removida. E isso é muita
irresponsabilidade, é brincar com a vida dos outros: se o hospital não
tem condições de tratar o doente, o correto é tirá-lo imediatamente, e,
no nosso caso, foi a própria família que conseguiu a vaga, mas não
adiantou porque a gente não poderia tirar ela a força e o hospital não
liberou, apesar da nossa insistência", lamentou o advogado, que, além de
exigir que o caso seja investigado pelos órgãos competentes, também
pretende mover uma ação judicial contra o hospital de Piancó.
Fonte: Dol