sexta-feira, 8 de abril de 2016

Conceição, Fernando Teixeira, que atua no Velho Chico


Atividade artístico-cultural: Ator, dramaturgo e diretor.

Naturalidade: Conceição – PB
Ano de nascimento: 1942
Formação artístico-educacional: Cursou Pedagogia na UEPB, Administração com Habilitação em Marketing na FACISA, Publicidade e Propaganda na CESREI.
Atividade artístico-cultural: Ator, dramaturgo e diretor.

Prêmios: Melhor ator no Festival Comunicurtas pela atuação em “O Hóspede”, de Anacã Agra e Ramon Porto Mota.
Fernando Teixeira era um menino hiperativo e peregrino na própria cidade de Conceição, onde nasceu, a arrumava malas e vivia de mudanças. O que ninguém sabe é que, quando essa história estava apenas começando, o jovem que ainda ensaiava sua estreia teatral esteve, literalmente, atrás das grades. Eram fins da década de 1950 e Teixeira acabava de ser convocado para o Exército. “Quando eu me alistei na Junta Militar, um sujeito enfardado apareceu e perguntou se havia voluntários para a Marinha. Eu cutuquei o colega ao lado e cochichei: ‘Eu não vou porque sou de família’. O sujeito pediu que eu desse um passo à frente e ordenou: ‘Você será o primeiro'”, conta o professor, ator, diretor e dramaturgo.
No comando marítimo, em Natal (RN), o futuro artista se revelou um recruta insubordinado. “Chegava o fim de semana e me avisavam de João Pessoa que tinha festa no Clube Astréa. Eu demorava a voltar e, quando me apresentava, já tinha uma cela esperando por mim. Aquilo era um horror”, lembra Teixeira, que quase foi expulso da corporação por sua boemia.

Foi na liberdade das coxias que ele encontrou seu verdadeiro caminho: tendo sua “avant-première” no teatro, no elenco do infantil Joãozinho Anda pra Trás, Fernando Teixeira viaja para São Paulo e, por três anos, entra em contato com a estética revolucionária do Teatro Oficina. “Você imagine o cabra sair de Conceição do Piancó, chegar a São Paulo e se deparar com “O Oficina”. O bonde tocava e eu não sabia a direção”, recorda Teixeira.
O retrospecto dos 73 anos de vida e 54 anos atividade no teatro, no cinema e na televisão. Além das dezenas de espetáculos encenados – entre eles o “Auto da Compadecida”, “Papa Rabo”, “Anayde, 15 anos depois” e “Fogo Morto”.
O homem do teatro, como é celebrado na Paraíba, também se dedica desde as grandes produções, a citar “Baixio das Bestas”, de Claúdio Assis, O Lobisomem da Paraíba, Ilha, entre outros. Em sua atuação com “O Hóspede”, de Anacã Agra e Ramon Porto Mota ganhou o prêmio de melhor ator no Festival Comunicurtas.
Fernando Teixeira revela a história de um ator encarcerado. “Sempre elogiaram o meu ator, mas eu nunca acreditei nele”, confessa em meio às comemorações dos marcos de sua trajetória pessoal e artística.
Voltando a Paraíba, em 1968, fundou o Grupo Bigorna com Carlos Aranha e Jurandir Moura, com a montagem da peça “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos. Desde 2009, ele e o Bigorna têm viajado por mais de 60 cidades paraibanas, fazendo um mapeamento do movimento teatral do Estado e apresentando o monólogo Esparrela onde o artista teve oportunidade de dirigir e encenar um texto de sua própria autoria.
Esparrela conta a história do urubu Arquimedes, aprisionado e treinado por Manoel para dançar em feiras livres da região onde a história se passa. A morte de seu dono, porém, muda o destino da ave. A estreia da peça em maio de 2009 também marcou a inauguração da sala preta do grupo Bigorna, localizada no antigo Cilaio Ribeiro (Centro Cultural do Terceiro Setor Thomas Mindelo), na praça Aristides Lobo, s/n, no Centro de João Pessoa.
Esparrela tem conquistado o público e a crítica especializada por onde passa. Foi convidado para participar da etapa Paraíba do Festival Palco Giratório 2009, em setembro deste mesmo ano, em Campina Grande. Em outubro foi um dos convidados do Festival Aldeia Sesc – Uma Ação do Palco Giratório, em João Pessoa. Em novembro o espetáculo realizou três apresentações como convidado da Mostra SESC Cariri de Artes, no Juazeiro (17/10), no Crato (18/10) e Fortaleza (24/10). Após a chegada, já voltaram aos palcos paraibanos. Dessa vez, para participar da Mostra Competitiva da XV Mostra Estadual de Teatro e Dança. A apresentação foi em novembro, no Theatro Santa Roza.
Em dezembro, Esparrela foi apresentado em Monteiro (3/10) e em Ouro Velho (5/10), junto com o espetáculo infantil “Volver e Fazer”, também dirigido por Fernando Teixeira. Em Monteiro (4/10) e (6/10) em Ouro Velho. Paralelamente, o monólogo de Fernando Teixeira circulou pela Paraíba até o mês de dezembro. A circulação se deu através de projeto contemplado no Programa BNB de Cultura, que contou ainda com o espetáculo infantil “Volver e Fazer”, dirigido por Fernando Teixeira.
Fernando Teixeira desabafa com intrepidez “Minha infância foi muito braba, então sempre quis ser diretor porque diretor era quem mandava, ator só recebia ordens”. O ator já teve passagens pelo cinema e em longas-metragens. “Foi o cinema que me fez confiar no meu ator”, diz Fernando.
Em abril de 2013, O Sebo Cultural realizou o lançamento do livro “Fernando Peregrino – um perfil biográfico de Fernando Teixeira em 50 anos de palco”, onde Fernando teve sua trajetória retratada no livro pelo dramaturgo Tarcísio Pereira. O professor de teatro da Universidade Federal da Paraíba, Everaldo Vasconcelos, foi quem assinou o prefácio dessa edição. O livro é composto em 10 capítulos e está ilustrado com fotos de espetáculos, cenas de filmes, fac-símiles de jornais de várias épocas e opiniões de críticos brasileiros sobre Fernando Teixeira e seus espetáculos.
Em 2014, Fernando Teixeira foi homenageado em João Pessoa na primeira Mostra Internacional de Teatro (MIT) no encerramento do evento, onde o Grupo de Teatro Bigorna apresentou fragmentos do espetáculo “Esparrela” no Teatro de Arena no Espaço Cultural José Lins do Rego. A entrada foi gratuita.
A Crítica do evento revelou que Fernando Teixeira mostrou nessa homenagem que se fez homem ao tempo em que se descobriu artista. “Foi um lindo depoimento na noite de encerramento, o seu ponto mais vibrante. E exemplar para uma época em que parte dos jovens talentos correm atrás da celebridade instantânea. Um artista inteiro só pode nascer da experiência construída passo a passo, não se faz do dia para a noite.”
Também em 2014, Fernando Teixeira foi reverenciado juntamente com Jean-Claude Bernadet na abertura do IX Comunicurtas UEPB. Na noite de abertura do evento, foram exibidos vídeos em tributo aos homenageados da noite. Em discurso de agradecimento, Fernando Teixeira falou um pouco sobre sua carreira e expôs a alegria de estar sendo homenageado. Com mais de 50 anos de profissão ele enveredou-se pelo caminho do cinema há 10 anos e desde então se despediu dos palcos do teatro para ganhar as telas de inúmeros festivais audiovisuais.
Em 2015, Fernando foi ao palco do Teatro Jofre Soares, Centro de Maceió apresentar seu consagrado solo Esparrela, do Grupo de Teatro Bigorna, dentro da programação da etapa alagoana do Festival do Teatro Brasileiro (FTB). O ator veterano falou de sua trajetória no teatro e deu uma lição de vida e uma demonstração de amor às artes cênicas, Com uma narrativa marcada pelo lirismo que transcende a linguagem regional da montagem, Fernando Teixeira levou do riso às lágrimas as 180 pessoas que lotaram o Jofre Soares.
Após a apresentação, o ator, dramaturgo e professor aposentado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) permaneceu no palco para contar um pouco de sua trajetória e responder a perguntas do público. A mensagem principal foi destinada aos jovens atores alagoanos.
Fernando Teixeira é hoje considerado o nome vivo mais importante do teatro paraibano sendo um dos atores mais respeitados da Paraíba. No momento ele comanda com sua esposa o grupo de teatro Bigorna. O conjunto de obras e a conquista de prêmios consecutivos em Festivais lhe credencia a representar de forma sucinta a encenação que faz na Paraíba hoje. 


Fonte: Redação do portal Vale do Piancó Notícias com Paraíba Criativa