Depois que deixou de ser abastecido pelo açude Coremas, o município de Piancó vive uma das piores crises hídricas da sua história. Com 266 anos de emancipação política e 16 mil habitantes, ele não tem um manancial próprio e nos longos períodos de seca depende de carros-pipa e caixas d’água do governo para amenizar a situação.
Mas essa ajuda é considerada irregular e escassa, e por isso as pessoas apelam para outras alternativas, ainda que custem dinheiro. Surgem então os vendedores e transportadores de água. São pessoas que possuem transporte particular e levam água para vender ou entregar de porta em porta.
Os
moradores pagam cerca de 10 reais para que a "moto-água" leve o líquido
até as suas residências. Um dos motoqueiros que presta esse serviço
explica que ele não cobra pela água, mas sim pelo transporte, que é
feito de reservatórios localizados em outros municípios até a cidade de Piancó.
"Eu não vendo a
água, eu vendo a viagem e distribuo para os velhinhos. Um velhinho não
pode pegar um tambor de 200 litros e arratar", disse.
Carros e
carroças também são usados para levar o líquido até as residências.
Assim, os proprietários dos veículos fazem dessa atividade a mais nova
fonte de renda da cidade para quem tem um meio de transporte.
O senhor Paulo
Abel faz pelo menos seis entregas em seu carro. Já o carroceiro Manoel
Augusto, que chega a entregar água em dez residências por dia, afirma
que sem um burrinho para transportar água, é capaz de algumas pessoas
até morrerem de sede.
"Está todo
mundo morrendo de sede aqui no Mutirão. Não tomam providência de nada.
Fica, só esperando pela vontade de Deus", falou.
Já para quem
não tem condições de pagar pelo transporte da água, o jeito é enfrentar
longas filas para levar na cabeça pelo menos um balde que é preenchido
de uma única caixa d’água que fica no bairro que tem o sugestivo nome de
Bairro Caixa D’água.