Após
denunciar ter sofrido agressão do prefeito de Manaíra (PB), Zé Simão
(PSDB), na última segunda-feira (30), o historiador manairense Valdeny
Antas Diniz divulgou nesta sexta-feira (4) uma nota em que esclarece
“alguns dos motivos pelos quais” é alvo de represálias e “bode
expiatório”. “Muito lamento pelo ocorrido”, disse o escritor.
Autor do
livro Manaíra – Raízes históricas de um povo, Valdeny é formado em
Ciências Contábeis e Biologia, possui mestrado em Administração de
Empresas, além de pós-graduação em História do Brasil (Faculdades
Integradas de Jacarepagá-RJ). Atualmente, faz o doutorado em Altos
Estudos em História, na Universidade de Coimbra (Portugal).
Leia abaixo a íntegra da nota enviada pelo escritor manairense:
Carta aberta à população
Eu, Valdeny
Antas Diniz, conhecido por Dido Antas, filho de Antônio Antas Diniz e
de Dona Didi Silva, gostaria de esclarecer aos meus conterrâneos, amigos
e familiares, alguns dos motivos pelos quais, na noite do último dia
30/11 fui vítima das agressões do senhor Prefeito Municipal José Simão
de Sousa.
Estava
marcada uma reunião na Câmara Municipal para ser feita a escolha de um
cidadão manairense, que deverá ser homenageado no próximo evento da
emancipação política de Manaíra. Após essa, vereadores e os
representantes de segmentos da comunidade fizeram uma segunda reunião
para ser escolhida uma data para a Audiência Pública que debaterá os
diversos problemas ligados à água em nossa cidade. Como cidadão, fui
participar da reunião.
Ao chegar à
porta da Câmara encontrei o Sr. Silva, filho de Juvenal, o Ériston,
funcionário da Câmara e José Simão, prefeito da cidade (este último não
participa dessas reuniões, foi somente com o propósito de me encontrar).
Dei boa noite a todos e o senhor Prefeito estirou sua mão. Retribui o
que parecia um cordial aperto de mão e o senhor José, sem largar minha
mão, puxou-me bruscamente para dentro do prédio da Câmara, dizendo que
tinha um assunto para tratar comigo. Imaginei que seria para comentar
alguma sugestão sobre a reunião que iria acontecer. O senhor Prefeito
segurou meu braço direito com forte pressão, em seguida o braço
esquerdo, empurrou-me sobre um sofá, cravando suas unhas em meu braço de
forma que arrancou pedaços da pele, mesmo se apertava sobre minha
camisa. Deu-me vários solavancos, sempre aumentando o aperto em meus
braços e começou a disparar várias agressões verbais e ameaças. Consegui
livrar-me de suas mãos e lhe disse que esses não eram modos de uma
pessoa civilizada ter uma conversa. Ele insistiu fazendo ameaças e eu
lhe pedi respeito por minha pessoa. Por três vezes pedi que se
controlasse e me respeitasse e, com muita calma, conforme presenciaram
as testemunhas que já vinham em meu socorro por conta da discussão,
comecei a afastar-me em direção à porta de saída. Desequilibrado
emocionalmente e em seu comportamento, o senhor prefeito José Simão
começou a fazer acusações dizendo que eu não tinha o direito de falar
mal dele e foi por minha culpa que ele foi afastado da prefeitura por
mais de um ano. Calmamente lhe lembrei, na frente das testemunhas, que
ele foi afastado do cargo de prefeito, pela Justiça e por conta de
denúncia de funcionário da Prefeitura em uma audiência com o Promotor de
Justiça. Lembrei também que eu não tinha necessidade de falar mal dele,
pois o povo da cidade o conhece muito bem, mais do que eu, e sabe as
coisas que ele faz, sem precisar que eu diga nada.
O senhor
Prefeito afastou-se contrariado. Permaneci sereno e equilibrado e
escutei dos presentes os comentários de que ele parecia fora do estado
normal, que estava desesperado com a possibilidade de perder o controle
da cidade e que era uma pessoa que não admitia que ninguém lhe fizesse
oposição. Ainda um pouco antes, o Prefeito já havia dirigido algumas
palavras grosseiras ao senhor Ériston, demonstrando que estava muito
estressado.
Para
esclarecer a questão do afastamento do Prefeito, uma medida cautelar foi
feita pelo Tribunal de Justiça do Estado, que tomou a decisão por
UNANIMIDADE. No Processo consta que ele foi afastado para não continuar
fazendo o que estava fazendo no Município. E mais, o Processo diz que
aquele era um dos motivos. Tinha outros motivos e outros processos que,
juntos, levaram o pleno do tribunal a determinar seu afastamento.
Um dos
vereadores disse, ainda na calçada da Câmara, que o Prefeito coleciona
vários processos. A população pouco conhece esses fatos por falta de
transparência nos atos do Governo Local, fatos que nos entristecem, por
sermos governados por alguém assim.
Estou sendo
colocado na posição de um “bode expiatório”, como se costuma dizer
quando se quer colocar uma culpa em alguém para desviar a atenção de um
público para o verdadeiro culpado. Talvez pelo fato de ser um dos poucos
manairenses que tem coragem de dizer-lhe a verdade, isso incomoda. Não
que os manairenses não conheçam a verdade, mas eles têm medo de falar
para não sofrerem represálias. Recebi advertências me alertando a ter
muito cuidado, pois alguém em estado de desespero pode fazer muitas
coisas. No entanto nunca procurei medidas judiciais para me garantir de
alguma eventualidade negativa. Mas, ser agredido e ameaçado diretamente,
pessoalmente, foi a primeira vez em minha vida. Uma coisa me deixa
muito tranquilo: já vivi muito bem meus 60 anos, sou uma pessoa feliz e
livre, não tenho medo de morrer, principalmente por defender ideias em
benefício do povo da cidadezinha em que nasci. É um povo sofrido, muitas
vezes amedrontado pelo estilo de controle que o Prefeito exerce sobre
grande parte da população, mas é um povo muito acolhedor. Acolheu de
braços abertos um cidadão – que nem é manairense -, o fez prefeito e
hoje sofre por essa escolha, escolha que controla a cidade por cerca de
20 anos e da qual ainda não conseguiu se livrar.
Disse na
calçada da Câmara às testemunhas, bem como disse dentro, aos vereadores e
público presentes, que respeito profundamente o cidadão José Simão de
Sousa – como respeito todos os filho de Deus -, mas, como disse a ele
pessoalmente e em vários momentos, não acho adequada a forma como ele
administra o Município.
Não sou
autoridade de nada, não pretendo e nem tenho necessidade de aparecer.
Dedico meus momentos de aposentado a trazer de volta um pouco do que
aprendi mundo afora, para ver se consigo ajudar minha terra a melhorar.
Fiz e fizemos muitas propostas ao senhor Prefeito, ofereci e oferecemos
sugestões no intuito de ajudá-lo a fazer um governo melhor. Talvez por
conta de uma visão administrativa muito restrita, ciúme, como dizem
muitos, ele sempre adiava uma resposta, que nunca veio, pois só valoriza
algo se a ideia for dele.
Muito lamento pelo ocorrido.
Nota do Blog:
Caso o
prefeito Zé Simão queira rebater o teor da Nota, o espaço democrático
está amplamente assegurado. É só entrar em contato com a Redação.
Fonte: Blog Duarte Lima