Quem passa pela cidade de Pedra Branca, no Vale do Piancó,
sertão paraibano, a 255 km de Cajazeiras, e de repente resolve dar um
trato no visual cortando o cabelo, não pode deixar de conhecer o
‘salão-oficina’ do seu Durval Pereira.
Há mais de 50 anos cortando cabelos em Pedra Branca,
seu Durval é um cabeleireiro um pouco diferente. Além da habilidade com
a tesoura, ele possui uma inteligência prática que faz dele um
‘inventor’ nato.
Entre um
corte e outro, seu Durval recebe aparelhos e objetos que são trazidos
pela população para ele concertar. Dessa forma, o que antes era apenas
um salão de beleza, passou a ser também uma espécie de oficina. “Isso é
coisa do dia-a-dia. Às vezes o cara está parado, aí chega uma pessoa com
um ventilador, a gente vai e concerta. E assim a gente vai vivendo”,
conta.
Além
de concertar, seu Durval também cria utensílios através do improviso.
No seu salão dois chamam a atenção: o borrifador de água improvisado de
uma pistola de pintar carro e o ‘ar-condicionado’ desenvolvido apenas
com um ventilador simples e uma bacia de água fria.
Ele explica
que o princípio é o mesmo que ocorre nos açudes quando o vento quente se
torna uma brisa fria ao passar pela água. “Eu lembrei que num açude, o
vento funcionando, podia funcionar também aqui, do mesmo jeito. Eu criei
quase como inocente”, disse.
Por causa dessa inventividade, o ‘salão-oficina’ do seu Durval se tornou uma atração à parte em Pedra Branca.