Foram quase dois mil
quilômetros de viagem entre a pequena cidade de Princesa Isabel, no
Estado da Paraíba, até a Serra de Igarapé, que fica entre os municípios
de Igarapé e Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte,
local onde o ônibus capotou e matou cinco pessoas na manhã deste domingo
(20).
Entre as vítimas fatais estão mãe e filha, e uma jovem princesense. A viagem com destino a São Paulo teve início às 14h da última sexta-feira (18).
(Grave acidente com paraibanos)
Cerca de 40 pessoas
estavam no ônibus, número ainda não confirmado oficialmente pelas
autoridades. Uma das sobreviventes dessa tragédia, Maria Rodrigo da
Silva, de 65 anos, contou que comprou a passagem por R$ 280.
“Essa foi a primeira vez
que eu peguei um ônibus clandestino. O bilhete de ônibus legalizado
custa R$ 500. Vejo que foi uma economia boba. Nunca mais farei isso”. A
dona de casa, que nasceu no Nordeste e voltava para a sua residência, em
Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, também relatou como
foram os momentos de pavor dentro do ônibus. “Eu estava acordada quando
tudo aconteceu. Percebi que o ônibus começou a andar muito rápido,
quando ele tombou. Foi assustador ver todo mundo caindo sobre todo
mundo. Quem se salvou foi pela graça de Deus”, concluiu.
O capotamento causou a
morte de cinco pessoas. Entre as vítimas fatais estão Andriele Ivo
Gomes, de 28 anos, e a filha Maria Isabela Gomes da Silva, de 6 anos.
Uma outra mulher, que ainda não foi identificada, estava grávida de
seis, deu a luz no momento do acidente. Porém, a mãe e o bebê não
sobreviveram aos ferimentos e morreram no local. A jovem princesense de
nome Jayne, comoveu a cidade. Jayne era estudante e estava indo para São
Paulo na tentativa de encontrar mais oportunidades.
O acidente alerta para
os perigos nas estradas neste fim de ano, com maior volume de veículos
trafegando, além do tempo chuvoso. Desde o fim da tarde da sexta-feira,
já somam pelo menos 12 mortes em ocorrências nas rodovias mineiras. O
coletivo, da Aguinaldo Turismo, realizava uma linha não pela Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O motorista, identificado
apenas como Aguinaldo, fugiu. Segundo passageiros, ele seria o dono do
ônibus.
O policial rodoviário
federal Harley Batista destacou que os dois pneus da lateral traseira
estavam carecas. O policial também mostrou que os cintos de segurança
estavam quase todos presos dentro dos bancos. “A fiscalização desse tipo
de transporte é complexa, pois precisa de ônibus de transbordo para
levar os passageiros”, afirma. Outro tipo de transporte clandestino
recorrente, que parte do Nordeste em direção a São Paulo e passa pela BR
381, segundo o agente da PRF, é feito em vans, que seguem com
carretinhas carregada de bagagens.
O quilômetro 526 da
BR-381 está na descida da Serra de Igarapé, na divisa entre as cidades
de Igarapé e Brumadinho. O local que o ônibus capotou é uma curva leve
para esquerda. Antes de tombar na pista, o veículo bateu no barranco e
arrastou a lateral direita no asfalto. Poucos quilômetros antes, há um
radar que limita a velocidade a 60km/h.
O coletivo, com a
identificação na lataria da Aguinaldo Turismo, foi fabricado em 1995. Em
Minas, de acordo com as regras do Departamento Estadual de Rodagem de
Minas Gerais (DER-MG), veículos de fretamento com idade entre 15 e 20
anos devem renovar o laudo de vistoria a cada seis meses, enquanto a
renovação para veículos de 20 a 25 anos de idade é de três meses. Os
veículos com mais de 25 anos não podem ser cadastrados.
G1