Fazer o casamento
religioso dos próprios pais e o da irmã foi um sonho realizado pelo
padre Irapuan Ramos. A cerimônia aconteceu no mês de outubro, no
município de Pedras de Fogo, na Região Metropolitana de João Pessoa.
“Pra mim foi um pouco confuso. Os papéis pareciam se inverter. Como
falar algo no casamento daqueles que me deram a vida?", se questionou o
padre.
Segundo o sacerdote, a
igreja estava lotada. A mãe e a irmã entraram de mão dadas na igreja.
Ele cantou na entrada delas e dos noivos, o pai e o cunhado. Em seguida,
fez o ritual religioso do casamento.
Irapuan explicou que os
seus pais já eram casados há 41 anos no civil, mas, pelas circunstâncias
da vida, nunca casaram no religioso. Já a irmã dele não era casada
oficialmente, mas morava com o marido há alguns anos e, segundo o padre,
sempre desejou um casamento na igreja.
Ao recordar esse dia, a
mãe do padre, Zuleide Ramos, de 59 anos, parecia reviver cada momento
com a mesma emoção. Segundo ela, casar na igreja sempre foi um dos seus
objetivos, porém, quando o filho se tornou padre esse desejo ganhou
mais força. Passado algum tempo, e com a insistência por parte dele, ela
lembra que o fez uma pergunta: 'E filho pode pode casar os pais?' Ele
disse sim. A partir disso começaram os preparativos.
No entanto, ela disse
que não esperava que o casamento iria atrair tantos curiosos. “Eu estava
tranquila até o dia de casar. Minha filha também. Mas quando chegamos
na porta da igreja havia muitas pessoas, muitos curiosos. As pessoas
paravam na frente, carros e motos estacionavam. Todo mundo queria ver o
filho casando os pais e a irmã. Eu fiquei surpresa com a repercussão”,
contou dona Zuleide.
Entrada na igreja
Chegado o momento de
entrar na igreja, a mãe do sacerdote lembra que foi tomada por um misto
de sentimentos. De acordo com ela, nem nos seus melhores sonhos houve
algo parecido com aquele instante: entrar na igreja para casar, ao lado
de sua filha, numa cerimônia presidida pelo próprio filho. “Olhei para o
altar e estava o meu filho vestido como padre e cantando para mim.
Então eu rezei: senhor me carrega até o altar porque eu não tenho
forças!”, conta.
Por outro lado, o
sacerdote e filho relatou que naquele momento estava como o padre da
cerimônia, mas se emocionava como filho, como irmão. Segundo ele, ao
entrar na Igreja, o tempo pareceu ficar ao avesso. "As lágrimas forma
inevitáveis", recordou.
Ele diz que desde a sua ordenação almejava de coração ver sua família sacramentalmente mais perto de Deus.
Na celebração, a mãe
recorda que o filho a olhava e dizia: 'mãe, você está linda' e logo
voltava à postura de padre. Essas pequenas coisas, segundo ela, foram
marcantes. Após a celebração, os familiares e amigos foram para a
recepção do casamento realizada na escola em que o pai do padre e noivo
trabalha há 40 anos e onde todos os seus filhos estudaram.
Do G1-PB