No último debate
realizado ontem pela TV Globo, os candidatos a presidente Dilma Rousseff
(PT) e Aécio Neves (PSDB) trocaram acusações sobre corrupção, fim da
reeleição, déficit habitacional, fator previdenciário e crise no
abastecimento de água, entre outros temas.
Aécio Neves abriu o debate com pergunta sobre reportagem publicada pela revista "Veja" à presidente Dilma Rousseff (PT).
Segundo a revista, o
doleiro Alberto Youssef disse em depoimento à Polícia Federal e ao
Ministério Público Federal, que Dilma e o ex-presidente Lula tinham
conhecimento do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.
Aécio perguntou à
petista se ela, de fato, sabia do que ocorria. Dilma afirmou que 'Veja'
faz "uma calúnia e uma difamação" a ela. "A revista 'Veja' não apresenta
nenhuma prova do que faz. Eu manifesto aqui a minha inteira indignação.
Essa revista tem o hábito de , ao final das campanhas, tentar dar um
golpe eleitoral", disse a presidente.
"O povo não é bobo, o povo é sábio. Eu irei à Justiça para defender-me", afirmou.
Aécio seguiu com ataques
a Dilma durante o primeiro bloco do debate. Questionou a presidente
sobre os investimentos em Cuba, com a construção do porto de Mariel e
disse ter documentos que provam que houve um financiamento atípico da
obra.
Segundo o tucano, a obra
foi financiada pelo BNDES para pagamento em 25 anos, quando o tempo
normal para outras empresas é de 12 anos. Aécio também disse que foram
oferecidas menos garantias de pagamento pelo governo cubano.
Dilma rebateu dizendo que quem estabelece o prazo de pagamento e as garantias são as empresas, e não o BNDES.
"O governo FHC deu o mesmo empréstimo. Nós também fizemos, mas beneficiamos quem? Brasileiros, que são empregados", afirmou.
FATOR PREVIDENCIÁRIO GERA POLÊMICA
No segundo bloco do
debate da TV Globo com os candidatos à Presidência, eleitores indecisos
questionaram Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) sobre fator
previdenciário, moradia, educação e corrupção.
Diante da eleitora que
perguntou como pagar os aposentados num futuro próximo, com mais idosos
que trabalhadores no país, o tucano voltou a afirmar que vai rever o
fator previdenciário se eleito.
O fator é um índice que
combina idade do segurado, tempo de pagamento ao INSS e expectativa de
vida e reduz o valor da aposentadoria de quem deixa o trabalho mais
cedo.
Aécio afirmou que irá criar políticas que visem remunerar melhor os aposentados.
Na réplica, Dilma atacou
o adversário, dizendo que foi no governo do PSDB que o fator
previdenciário foi criado. Ela disse que em sua gestão abriu a discussão
sobre a questão com as centrais sindicais.
O tucano reconheceu na
tréplica que o fator previdenciário foi criado no governo de seu partido
e que, posteriormente, foi derrubado no Congresso. Acusou o então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vetar a decisão da Casa.
Atualmente, o homem se
aposenta, em média, aos 55 anos, e as mulheres, aos 52 anos. Com essa
idade, o fator previdenciário reduz em cerca de 30% o valor da
aposentadoria.
O Brasil tem, hoje,
quase seis pessoas em idade ativa para cada cidadão com mais de 60 anos.
Estudo do Ministério da Previdência estima que, em 2050, haverá menos
de duas pessoas em idade ativa para cada pessoa com mais de 60 anos.
POLÍTICA HABITACIONAL CONFRONTA CANDIDATOS
Na questão da moradia,
Aécio afirmou que Dilma tenta monopolizar programas sociais, como o
Minha Casa Minha Vida, e destacou que manterá o programa para ampliar a
política habitacional do país.
Na questão da corrupção,
Dilma voltou a defender leis que endureçam para punir envolvidos e
funcionários públicos que enriquecem sem conseguir explicar a origem do
dinheiro. Aécio, por sua vez, disse que não ouve preocupação do PT para
que leis mais rígidas fossem criadas para combater corruptos e
corruptores.
"Propostas [sobre
combate à corrupção] estavam em tramitação do Congresso Nacional nesses
anos. Não houve preocupação do PT no combate", disse Aécio.
Dilma rebateu dizendo que o PSDB engavetou denúncias de corrupção durante a gestão tucana.
"Quem fala é o
representante do partido que tinha uma prática de engavetar todas as
investigações. De deputado, senador e ministro. Foram todos soltos."
Do JPB