Sessão ocorreu na noite dessa quinta-feira. Por Redação da Folha – Em sessão na noite dessa quinta-feira, 25, a Câmara Municipal de Itaporanga, presidida pelo vereador Jacklino Porcino, voltou a debater a problemática da falta d’água no trecho do rio Piancó que cruza o município de Itaporanga, mas desta vez o debate foi acirrado e contou com a presença do diretor de gestão e apoio estratégico da Aesa (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba), Chico Lopes.
Conforme Chico, a água que está sendo liberada atualmente de seis açudes regionais, inclusive o de Bruscas, em Curral Velho, é suficiente para chegar a Itaporanga e Piancó, mas o problema, segundo o diretor, é a existência de barramentos, vegetação e entulhos ao longo do rio, especialmente entre Conceição e Boa Ventura, o que estaria impedindo o curso normal da água. “A água que existe hoje estocada ao longo do rio por causa desses obstáculos é suficiente para chegar a Itaporanga, e o que se tem que fazer é limpar o rio, que é federal e, por isso, não é de competência da Aesa”, comentou Lopes, ao sugerir uma reunião entre Aesa, vereadores e proprietários ribeirinhos com o Ministério Público para que este determine a desobstrução do rio Piancó, a exemplo do que a agência fez, segundo ele, no riacho de Bruscas, que também estava tomado por barramentos.
O presidente Jacklino Porcino e o vereador João Guimarães discordaram de Chico e disseram que o problema é a vazão insuficiente das comportas. Para os dois vereadores, se a Aesa aumentasse a liberação do volume dos açudes, a água chegaria suficientemente em Itaporanga. “Nós queremos uma solução é imediata, porque tem comunidades passando sede, animais sem ter água para beber e irrigantes prejudicados por falta d’água para sua plantação”, argumentou Jacklino, ao completar que levar o caso ao Ministério Público não é garantia de solução imediata do problema, que só será resolvido com a urgência necessária se foram aumentadas a liberação da água dos reservatórios.
O debate foi acirrado entre Chico Lopes e o presidente da Câmara. O diretor da Aesa disse que não poderia aumentar a vazão das comportas porque, segundo ele, há um limite para retirada de água dos açudes sob pena dos reservatórios secarem e prejudicar o abastecimento humano. O vereador-presidente rebateu Chico ao afirmar que a Aesa perdeu a autoridade sobre as comportas dos açudes, que são controlados por proprietários de terra situados nos arredores dos mananciais e que o volume liberado e o tempo da liberação são determinados por eles conforme seus interesses e não pela agência. “Pode ter certeza que a Aesa abre as comportas e eles fecham ou deixam em uma vazão abaixo do determinado, por isso a água não chega aqui, ou seja, é falta de autoridade do governo”, comentou Jacklino, ao sugerir um grande protesto popular como forma de pressionar a agência a buscar uma solução imediata para o problema.
Já os vereadores Hélio do Bar, Neném de Adailton, Judivan Custódio e Ubiramar Pita concordaram com Chico Lopes. Para eles, não adianta jogar mais água dentro do rio Piancó porque, conforme o que foi argumentado, ela vai ficar retida nos barramentos, e ratificaram a proposta do diretor da Aesa de procurar o Ministério Público para tentar desobstruir o rio, inclusive, utilizando a força policial.
Mas o problema da abertura das comportas também deve ser observado, tanto que o próprio Chico informou durante o debate que abriu as comportas de um açude situado no município de Diamante para aumentar o volume do rio e no dia seguinte foi informado que as comportas haviam sido fechadas indevidamente. “Vou procurar o delegado amanhã mesmo para investir e punir quem fechou as comportas do açude”, disse Chico. A sessão foi encerrada, mas a discussão continuou e ainda mais acirrada.
Do Folha do Vale