Os municípios brasileiros gastam cinco vezes menos em gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) do que a média das cidades internacionais. A constatação, divulgada ontem (5), é da pesquisa Três Anos Após a Regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): Seus Gargalos e Superação, encomendada pelo Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo (Selur) e pela Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). O levantamento foi feito pela PricewaterhouseCoopers (PwC).
De acordo com a pesquisa, a média de gastos na gestão de resíduos das cidades internacionais aumentou de R$ 430, em 2009, para R$ 501 em 2012. Já nas cidades brasileiras, a média aumentou de R$ 88,01 (2009) para R$114 (2012). A média dos custos das cidades brasileiras é cinco vezes menor quando comparada à média dos custos das cidades internacionais. A comparação usou como parâmetro de equidade o Índice Big Mac, e considerou que cidades de mesmo porte geram quantidades similares de resíduo.
No total, foram analisadas 52 prefeituras das cinco regiões do Brasil com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na faixa entre bom e ótimo. As cidades internacionais avaliadas foram Tóquio, Cidade do México, Barcelona, Roma, Paris, Nova Iorque, Londres, Buenos Aires e Lima.
O estudo destaca que, entre as cidades analisadas, São Paulo e Tóquio, as mais populosas, produzem volume per capita de resíduos muito similar. No entanto, quanto aos gastos em serviços de limpeza urbana, Tóquio gasta dez vezes mais que São Paulo.
“Os investimentos realizados atualmente pelos municípios brasileiros não são suficientes para alcançar os objetivos da PNRS [Política Nacional de Resíduos Sólidos], tanto quanto os níveis dos sistemas existentes nas cidades internacionais”, ressalta o estudo.
O documento aponta que o grande problema para evolução dos indicadores nas cidades brasileiras é o baixo valor agregado do resíduo sólido no Brasil. “Quanto mais valor é agregado ao resíduo, menos desperdício ocorre no consumo, o que, por sua vez, reduz a probabilidade da geração de passivos. Por outro lado, ao agregar valor ao resíduo, há a possibilidade de criação e manutenção dos mercados de reciclagem, que hoje sofrem pela flutuação dos valores”.
Por Bruno Bocchini, da Agência Brasil.
EcoDebate, 06/08/2014