segunda-feira, 7 de julho de 2014

Músico é vítima de racismo em Itaporanga e queixa-se de omissão policial

Ele diz que em um mesmo dia foi vítima duas vezes do mesmo crime, mas agressora ficou impune. Por Redação da Folha – O músico Daniel Leite Fernandes (foto), de 27 anos, está triste e, ao mesmo tempo, indignado: primeiro com as agressões racistas que sofreu de sua ex-sogra no último sábado, 5, e, depois, com a omissão policial. Ele diz que, apesar do racismo ser um crime inafiançável, os policiais ignoraram a gravidade do delito e a agressora ficou impune.

O músico, que procurou a redação da Folha-online na noite desse domingo, 6, narra que foi agredido repetidamente em via pública pela ex-sogra com termos racistas, como “negro”, acompanhados de adjetivos difamatórios e expressões injuriosas. Morador da Rua Mãe Borrego, centro de Itaporanga, ele disse que foi agredido inicialmente pela manhã, quando foi buscar sua filha, uma menina de dois anos, para passar o dia com ele. “Primeiro, eu procurei a delegacia, e os agentes me atenderam bem, mas disseram que não podiam fazer nada porque não havia delegado nem escrivão”, lamentou o jovem, ao informar que várias pessoas testemunharam o crime.

À tarde, quando foi deixar a criança na casa da avó, novamente foi agredido pela ex-sogra com termos racistas. “Não reagi às agressões dela, apesar de humilhado e atingido moralmente na frente de várias pessoas, e o que fiz foi ligar para o 190 e chamar a Polícia Militar, mas também não adiantou nada”, comentou o rapaz. Conforme ele, uma guarnição esteve no local, mas os policiais disseram que não havia o que fazer porque a mulher não estava armada nem o tinha ameaçado e que ele procurasse a delegacia. “Depois que os policiais saíram, ela ficou rindo de mim e eu fui embora me sentido muito mal”.

Daniel conta que outra vez procurou a delegacia e, novamente, os agentes disseram que não havia o que fazer e orientaram a vítima a voltar na segunda-feira. Apesar de não ter encontrado a resposta que necessitaria de nenhuma polícia, o jovem diz que não vai desistir de buscar os meios legais para que o crime que sofreu seja punido como determina a lei penal. “Estou muito triste e indignado com tudo isso, mas estou sendo bem orientado, procurei, inclusive, uma advogada, que me disse como eu deveria me proceder”, comentou ele, ao argumentar que o que despertou a ira da ex-sogra foi uma queixa que ele fez em relação aos cuidados com a criança: “como pai, não me senti bem ao ver minha filha naquela situação e me queixei que a menina não estava sendo bem cuidada, foi aí, então, que a avó começou a me atingir com agressões racistas".

Advindo: Folha Vale