Por Redação da Folha – Há três meses, dezenas de famílias sem teto ocuparam casas de um conjunto habitacional inacabado que fica na Vila Mocó, um dos setores mais pobres de Itaporanga. A obra pertence a Cehap (Companhia Estadual de Habitação Popular), órgão do governo estadual, e está parada há anos.
Há um mês, a Cehap entrou com uma ação de reintegração de posse na Justiça, que determinou a desocupação dos imóveis pelos moradores. Eles foram notificados a deixar as casas até a sexta-feira da semana passada e muitos deixaram o local, mas sete famílias que não têm para onde ir permanecem nas moradias.
As casas não têm energia elétrica e foram os próprios moradores que improvisaram portas para se abrigarem. As famílias que permanecem no local estão decididas a resistir à ordem de despejo. “A qui todas as famílias têm crianças, eu mesmo sou pai de duas meninas e não temos para onde ir nem condição de pagar aluguel”, disse Francineudo José, um dos ocupantes.
Ele e demais moradores também se queixam que as casas que deveriam ser destinadas a famílias pobres e sem moradia foram distribuídas com pessoas de bom poder aquisitivo. “O que a gente sabe aqui é que as casas já têm dono, mas é gente sem necessidade”, lamentou o morador.
“Eles constroem as casas aqui na Vila, mas não fica nada para o povo pobre da Vila: construíram essas que nós estamos ocupado hoje e deram a gente que não tem precisão e estão construindo mais 50 casas, mas é tudo novamente para gente de fora”, desabafou a dona Marineide, que também ocupa um dos imóveis, ao informar que, apesar de tanta necessidade, os moradores não estão recebendo nenhuma assistência social da Prefeitura: “há três meses, eu pedi uma ajuda e até hoje não apareceu nada”, comentou a moradora. Foto: famílias resistem à ordem de despejo.