Considerando que antes da vida, habitávamos o Infinito e o universo era um imenso caos, e sabendo que o espaço físico o qual habitamos atualmente, era um grande caos somos levados a crer que não estamos aqui por acaso.
O ser humano não é fruto do acaso, não está aqui para se findar no nada ou viver no caos, na desordem. O ser humano existe para algo, para alguma coisa.
As incertezas diárias devem levá-lo à descoberta das novidades expressivas tanto humanas como universais. Somente vivendo o presente, na descoberta do futuro, é que o ser humano descobre e entende o seu passado.
Esse jeito de viver ainda é pouco desenvolvido e a dificuldade disso se encontra no imediatismo que socialmente somos pressionados a viver. O imediatismo tem invadido as pessoas fazendo-as reféns da superficialidade, consequentemente elas levam esse mal e apresentam-no em suas ideologias, sonhos e projetos sociais, políticos e religiosos.
Ficamos, pois, presos ao momento sem abertura ao futuro e sem compreensão do passado. Com isso, as informações insignificantes são mais valorizadas por trazerem soluções imediatas. Tudo é investido para se viver os momentos.
O que tem sido pregado nos últimos instantes da vida em nossa sociedade e o que tende a prevalecer é a vivencia por temporadas, sem passado e sem perspectiva de futuro. As crianças já nascem sem passado e sem esperança de um futuro de luz, ficando presas ao imediatismo, ao momento como a alternativa mais próxima. O imediatismo tem nos deixados prisioneiros e longe da liberdade.
A conseqüência é não sonharmos mais, pois ficamos com medo do futuro. O futuro passa a ser entendido como algo que vem ao encontro do ser humano enquanto ele está inerte recebendo tudo, isso o assusta bastante.
Esse pensamento não dá motivação nenhuma de vida, mas muitos estão compreendendo o futuro desse modo e como alternativa de vida estão fugindo para se apegar ao imediato, aquilo que dá mais segurança na ocasião.
Com as pessoas já não há muito espaço e não se criam oportunidades de crescerem juntas, ficam sempre as aventuras do momento. O que vale é curtir as pessoas. E desse jeito as pessoas tornam-se objetos de desejo e satisfação, quando não está mais servindo são descartadas e jogadas fora.
Grande parte dos relacionamentos entre as pessoas carregam essa desarticulação de relacionamento. Os seres humanos fragilizados estão apenas para construir relacionamento de momentos. Por causa disso as “amizades”, os namoros, os casamentos ficam reféns dos momentos e não constroem histórias, vidas.
Os relacionamentos não são mais duráveis, ficam no momento ou ocasião. Se o tempo for conveniente o relacionamento permanece e desaparece quando surge uma nova estação. É assim que temos poucos relacionamentos duradouros, que constroem histórias e ficam abertas a elas. O medo do futuro e o aprisionamento ao presente não deixa espaço para olhar o passado de modo positivo, ficando-o como algo meramente simplista.
Nesse ponto de vista, o passado não tem valor porque já passou. Verificar a história é perda de tempo, não podemos fazer isso. No entanto, uma analise acurada dos sinais dos tempos demonstram vidas que brotam e crescem silenciosamente.
Belezas desconhecidas por pessoas insensíveis à natureza criada e existente não perdem seu valor e dignidade, essa é uma certeza. O que é triste para os insensíveis é ficarem longe de tudo aquilo que lentamente se lançam em definitivo pra o Infinito.
Gilmar Passos é escritor com habilidades simples de poeta, mergulhado na filosofia, motivado pela teologia. É membro da Academia Estanciana de Letras (AEL).
Fonte: EcoDebate, 23/12/2013.