A confirmação da
presença do vírus causador da dengue tipo 4, nos municípios de João
Pessoa e Cajazeiras (no Sertão), feita na tarde de ontem pela Secretaria
de Estado da Saúde (SES), deixou profissionais da Saúde em estado de
alerta.
O motivo é que a doença
possui maior risco de causar sangramentos e pode deixar o paciente ainda
mais debilitado, em relação às outras formas já conhecidas da dengue.
Se a pessoa já tiver
adquirido, no passado, outros tipos da doença, a situação exigirá ainda
mais cuidados; e em crianças e idosos, o risco de morte aumenta. Por
outro lado, a SES assegurou que as ações de combate ao mosquito
transmissor foram intensificadas.
Segundo a SES, o vírus
tipo 4 da dengue foi detectado por meio de isolamento viral da doença.
Este procedimento já vinha sendo realizado desde o ano passado, em
várias cidades paraibanas, mas não houve resultado positivo. A
confirmação só foi feita entre os meses de março e abril de 2013, quando
quatro de 80 amostras analisadas, apresentaram a presença do vírus tipo
4.
Apesar do vírus ter sido
descoberto apenas em João Pessoa e em Cajazeiras, a SES fez um “alerta
sanitário” para os 223 municípios do Estado, orientando que eles
intensifiquem as ações e políticas voltadas à prevenção e combate à
doença.
Para a infectologista e
membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, seção Paraíba, Érica
Guimarães Araruna, o diagnóstico do vírus tipo 4 da dengue representa
uma grave ameaça à saúde pública. Ela explica que os infectologistas já
sabiam que uma nova cepa da doença já circulava no país, mas sem
registro dela na Paraíba. Com esse diagnóstico, a situação exige alerta.
“Isso assusta, porque
essa cepa tem uma possibilidade maior de apresentar sangramentos e, com
isso, causar maior morbidade. Mas isso não quer dizer que vá ocorrer uma
letalidade maior, porque, em geral, os sintomas são os mesmos. O que
leva à letalidade são tratamento inadequado e a falta de cuidados”,
alerta.
“Temos que incentivar as
pessoas tenham mais consciência e adotem mais cuidados com sua casa,
não deixando água parada. Com a presença do vírus reconhecida, a
população e o sistema de vigilância epidemiológica tendem a ficar mais
alertas”, observa.
A geriatra Maria de
Fátima Cartaxo, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria, seccional
Paraíba, também afirma que o diagnóstico do tipo 4 da dengue é motivo de
preocupação, principalmente, para os idosos. Ela explica que, sem o
tratamento adequado, a doença poderá aumentar a mortalidade entre os
pacientes com mais 60 anos, por conta da fragilidade do sistema
imunológico e da demora em responder aos medicamentos.
“O risco de morte é
maior nos idosos do que nos adultos. E para piorar, a doença não tem
vacina Daí, a necessidade das pessoas intensificarem os cuidados com
água parada, dentro de casa. A presença desse vírus na Paraíba mostra
que o combate ao mosquito saiu do controle. Esse diagnóstico exige ação
mais energética. É preciso que o governo intensifique os programas de
combate à dengue”, observou.
Ações do governo
De janeiro a 4 de maio
deste ano, a Paraíba já notificou 4.876 casos suspeitos de dengue.
Destes, 1.472 foram confirmados para dengue clássica e outros 432,
descartados. O número é 23,66% maior em relação aos 3.943 casos
registrados no mesmo período de 2012.
Dentro das ações de
combate à doença, equipes da SES irão visitar as Gerências Regionais de
Saúde, instaladas em diversas regiões do Estado, para definir
estratégias e fortalecer as ações preventivas da dengue. Além disso, o
Estado equipou unidades de saúde e capacitou profissionais para agilizar
o diagnóstico e tratamento da patologia.
Nathielle Ferreira